Tiro no pé: taxação de Trump faz aprovação de Lula crescer
A decisão do presidente Donald Trump de impor tarifas de 50% a produtos brasileiros pode ter gerado um efeito bumerangue na política brasileira. Em vez de prejudicar o governo petista, o chamado “tarifaço” parece ter impulsionado a imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva diante da opinião pública. É o que mostra a nova pesquisa do instituto AtlasIntel, divulgada nesta terça-feira (15/7) em parceria com a Bloomberg.
Segundo o levantamento, a aprovação de Lula subiu para 49,7%, alcançando empate técnico com a desaprovação, que ficou em 50,3%. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Esse é o melhor resultado do presidente em 2025 e marca uma reversão da tendência negativa registrada desde dezembro de 2024, quando a desaprovação ultrapassava com folga a aprovação.
Em março deste ano, por exemplo, 53,6% dos entrevistados desaprovavam o presidente, enquanto apenas 44,9% o aprovavam — uma diferença de quase nove pontos. A recuperação, embora ainda tímida, sugere que a condução firme do governo diante da crise com os Estados Unidos teve efeito positivo entre os eleitores.
Política externa ganha força
A pesquisa também revela uma melhora significativa na percepção sobre a política externa brasileira. Após a promulgação da chamada Lei da Reciprocidade e o tom duro adotado pela diplomacia brasileira contra a medida de Trump, 60,2% dos entrevistados disseram aprovar a condução internacional do governo. Apenas 38,9% a desaprovam.
Em novembro do ano passado, o cenário era bem mais dividido: 49,6% aprovavam e 47,3% desaprovavam a política externa. A resposta ao tarifaço foi considerada “adequada” por 44,8% da população. Outros 27,5% a classificaram como “agressiva” e 25,2% como “fraca”.
As tarifas impostas por Trump foram consideradas “injustificadas” por 62,2% dos entrevistados. Já 36,8% as avaliaram como “justificadas”. As opiniões sobre as motivações do ex-presidente dos EUA também se dividiram: 40,9% acreditam que as sanções comerciais são uma retaliação à presença ativa do Brasil no Brics e 36,9% atribuem a medida à influência da família Bolsonaro no cenário político norte-americano.
Governo ainda enfrenta desafios, mas vê sinal de alívio
Apesar da melhora nos índices de aprovação pessoal do presidente, a avaliação do governo como um todo ainda mostra mais críticas do que elogios. Para 49,4% dos entrevistados, a gestão de Lula é “ruim” ou “péssima”. Já 43,4% a consideram “ótima” ou “boa”. Ainda assim, a distância entre os dois campos diminuiu nos últimos meses.
Quando questionados sobre quem tem melhor desempenho no plano internacional, 61,1% afirmaram que o petista é superior a Jair Bolsonaro, enquanto 38,8% consideram Lula pior que o ex-presidente.
A possibilidade de um acordo entre Brasil e Estados Unidos para superar o impasse comercial ainda divide opiniões: 47,9% acreditam que o governo conseguirá chegar a um entendimento, enquanto 38,8% estão céticos. Outros 13,3% não souberam opinar.
A melhora nos índices de popularidade surge em um momento crucial para Lula, que busca consolidar sua liderança política em meio à turbulência econômica e às pressões externas. Com a disputa presidencial de 2026 no horizonte e a oposição cada vez mais vocal, a capacidade de resposta rápida e firme do governo pode ser um ativo valioso.
Com a tensão entre Brasil e Estados Unidos longe de um desfecho, os próximos meses serão decisivos para saber se o salto de aprovação será duradouro ou apenas uma reação passageira a um choque internacional.









