Operação fecha 'escritório de golpe' no CPA 3 e prende 19 pessoas
Polícia Civil está nas ruas de Cuiabá cumprindo 155 ordens judiciais contra uma organização criminosa, com ‘sede’ no CPA 3, responsável por fraude eletrônica e lavagem de dinheiro. Estima-se, conforme a investigação, que o grupo causou um prejuízo de R$ 2 milhões às vítimas.
De acordo com as informações divulgadas pelo órgão, a Operação Tertius cumpre 19 prisões, 55 busca e apreensão, 31 cautelares diversas de prisão – como uso de tornozeleira, além do bloqueio de 50 contas bancárias dos investigados.
A investigação começou em 2022, após a Delegacia de Estelionato recebeu uma denúncia anônima sobre uma casa, no CPA 3, que estava sendo utilizada como ‘escritório de crimes’.
No local, os criminosos atuavam especialmente na modalidade do "golpe do falso intermediário", predominantemente executado por meio de plataformas de compra e venda na internet.
Por meio dos elementos apurados foi identificado o esquema criminoso altamente estruturado, caracterizado por uma clara divisão de tarefas entre os envolvidos, sendo consolidada autoria e materialidade dos crimes de fraude eletrônica, lavagem de capitais e organização criminosa, além de indícios da existência de conexões com uma facção criminosa.
Modo de ação
Para aplicação do golpe foi montado um esquema com estrutura e metodologia bem definidas. Inicialmente, os criminosos realizavam a captação de anúncios legítimos de veículos automotores em plataformas digitais amplamente utilizadas, como o Facebook Marketplace.
A partir desses anúncios verídicos, eles apropriavam-se das fotografias originais e de todas as especificações técnicas detalhadas, para então elaborar e publicar novos anúncios, fraudulentos.
Os levantamentos apontam que o grupo criminoso publicou mais de 370 anúncios fraudulentos que atingiram mais de 3.445 contas de usuários e um prejuízo superior a R$ 2 milhões às vítimas.
Para atrair um maior número de potenciais vítimas, a tática era a fixação de preços ligeiramente abaixo dos valores de mercado, o que criava uma aparente oportunidade vantajosa.
Após as vítimas, se interessarem, o primeiro contato era estabelecido por meio do aplicativo WhatsApp, onde os investigados operavam sob identidades fictícias, desenvolvendo narrativas elaboradas e convincentes com as vítimas.
Após estabelecerem um vínculo de confiança com as vítimas, os criminosos se apresentavam falsamente como intermediários na negociação entre o comprador iludido e o vendedor real do veículo, aplicando técnicas psicológicas para induzir um senso de urgência na transação.
A consumação do golpe ocorria quando as vítimas, persuadidas por essa engenharia social, realizavam transferências financeiras via PIX. Essas transferências, de forma estratégica, eram direcionadas para contas bancárias de terceiros, conhecidos como "laranjas", visando dificultar o rastreamento dos valores.
Uma vez que o dinheiro era recebido, a comunicação por parte dos fraudadores cessava abruptamente, caracterizando o desfecho do golpe. Nas investigações foi comprovado que mesmo após a prisão dos integrantes em 2022, o grupo deu continuidade às atividades criminosas, com postagens fraudulentas no decorrer inclusive deste ano de 2025, demonstrando a persistência da organização na prática do crime.
Os trabalhos investigativos revelaram uma extensa rede de movimentações financeiras atípicas entre os investigados, que se mostravam incompatíveis com a capacidade econômico-financeira declarada dos envolvidos, com o uso de contas de terceiros e empresas, e intensa movimentação em espécie, o que corrobora a prática de lavagem de capitais e a continuidade das atividades criminosas.









