“Criam narrativas que Ferrogrão vai matar índio; que loucura!”
O governador Mauro Mendes (União) voltou a fazer duras críticas, nesta quinta-feira (23), ao discurso ambientalista incentivado pelo governo francês de que a construção da Ferrogrão traria prejuízos ao meio ambiente e a indígenas.
A ferrovia – que ligará Sinop ao Porto de Miritutuba (PA) – já é considerada um dos principais corredores do agronegócio brasileiro, mas está travada por conta de uma ação no Supremo tribunal Federal (STF).
Mendes é um dos entusiastas da ferrovia e vai a Brasília com frequência para defender o modal junto ao Judiciário e Executivo. Ele afirmou que organismos internacionais têm tentado massificar o discurso de que a obra poderia colocar em risco vida de indígenas brasileiros.
“Para mim, é claro que no Brasil somos reféns de narrativas construídas lá fora. [...] Estamos há décadas falando dessa Ferrogrão. E é perigoso ficarmos mais alguns anos ou mais décadas falando sobre ela, porque criam narrativas que vai matar índio”, disparou.
“Ah, que loucura falar que vai matar índio para fazer uma Ferrogrão. Ela passa em mil km e 99% ao longo da faixa de domínio de uma BR já existente”, completou, referindo-se à 163.
A declaração foi dada durante palestra no AgroForum Cuiabá, evento do banco BTG Pactual voltado a profissionais e investidores do setor agrícola.
Segundo Mendes, a Ferrogrão é ambientalmente viável por conta da baixa emissão de CO2 em comparação com modais como o rodiviário.
“Ambientalista falar contra ferrovia é a maior hipocrisia que existe, porque é impossível você defender milhares de carretas queimando óleo disel, emitindo CO2 na atmosfera quando uma ferrovia é ambientalmente muito mais eficiente”, disse.
“Essas narrativas criadas Mundo a fora nós sabemos que é por interesse. Agora, não adianta ficarmos nos posicionando de forma reativa. Temos que ser mais proativos. Na minha opinião, temos que fazer esse jogo de forma mais maiúscula”, completou.
Macron e o Brasil
Ele voltou a criticar o presidente francês Emmanuel Macron. “Eu disse um dia desse indignado: Macron faz uma reunião com uma importante liderança indígena de Mato Grosso, que é o cacique Raoni, e estranhamente o Raoni sai da reunião falando mal da Ferrogrão”.
“Ficou óbvio que foi uma encomenda, um bate-papo para colocar uma liderança indígena falando contra a Ferrogrão. E muitos compram essas narrativas, completou.
Mendes ainda apontou que o discurso ambientalista internacional tem sido absorvido pela imprensa nacional e agentes políticos de forma a “jogar contra” os interesses do Brasil.
“Eu digo: o Macron querer jogar contra o Brasil, ok. Ele defende os franceses. Agora, que a imprensa, os políticos e autoridades públicas desse País embarquem nisso, aí já é um problema nosso”, apontou.
O projeto ferroviário ligando Mato Grosso ao Pará tem investimentos estimados em R$ 30 bilhões e 933 quilômetros de extensão.









