Por Gazeta Digital
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24 de agosto de 2025
Infiltrados na ala LGBTQIA+ do Centro de Ressocialização Industrial Ahmenon Lemos Dantas, em Várzea Grande, pelo menos oito reeducandos têm tocado o terror na unidade prisional. Extorsão aos familiares de outros presos, sob pena de morte, caso não depositem valores de até R$ 5 mil, ameaças e salves são realidades diárias, na ala que atualmente é ocupada por 60 reeducandos. O grupo, que se autointitula liderança de facção, é ainda, segundo denúncias, responsável pelo tráfico de drogas que ocorre na unidade de Várzea Grande. A comercialização vai desde maconha, cocaína a drogas sintéticas. Três presos denunciados têm a função da traficância na unidade prisional, um deles comercializa somente a maconha, o segundo apenas a cocaína e o terceiro as drogas sintéticas. A reportagem teve acesso a cartas de reeducandos da ala LGBTQIA+, num pedido de socorro, e afirmando que diversas denúncias foram levadas ao conhecimento da direção da unidade prisional, sem nenhuma ação. Uma das vítimas conta que ficou quatro dias sendo torturada, ameaçada e extorquida pelo grupo de presos, para que a família dela desse R$ 5 mil para garantir a vida da mesma. Estou com medo de medo de morrer, todo dia sofro ameaças. Venho suplicar por socorro, me ajuda pelo amor de Deus, escreveu. Há uma quadrilha que adentrou no Raio 4, raio que seria para manter a segurança dos LGBTQIA+. Mas eles estão nos extorquindo e roubando, armados, querendo também disseminar a ideologia da facção. Tem muitos que não são LGBTQIA+, mas estão em nosso meio tocando a violência. Um deles é líder do Comando Vermelho, responsável por distribuir a droga para venda no presídio e por ordenar os salves, contou outro reeducando. Mãe de um dos reeducandos conta que foi vítima do grupo de faccionados, que inicialmente pedia R$ 5 mil para não fazer nada com seu filho. A mulher dizia que não tinha o dinheiro e as ameaças continuavam, com os criminosos fazendo uma espécie de negociação para adequar às condições da mãe. Acabou que tive que dar conta de R$ 1 mil para meu filho não ser morto. Me diz como você denuncia aqui fora, se lá dentro continua a mesma coisa e os nossos filhos podem acabar pagando pelas consequências?, questiona a mãe. Denúncia lembra morte de trans O medo de se tornarem mais uma estatística assusta os LGBTQIA+ do Ahmenon Lemos Dantas. Nas denúncias, lembram do caso que ocorreu em julho do ano passado, quando uma reeducanda trans, de 37 anos, foi espancada por detentos e morreu no Pronto Socorro Municipal de Várzea Grande, três dias após o crime. A vítima foi identificada como Thiago Henrique Varcondi, nome social Gabi. Venho suplicar ajuda para o Raio 4, para que seja apenas para os LGBTQIA+, para não ter faccionados. Eles nos oprimem, agridem e nós, as vítimas, que somos levadas para o isolamento, isso encoraja eles a continuarem, propagarem a violência. Eles quem devem ser punidos, não importa quem forem, para não voltar a gestão da impunidade e permitir que outro LGBTQIA+ seja morto, como aconteceu com a Gabi, ressalta uma denúncia. No dia 22 de julho de 2024, Gabi foi internada em estado grave após ser agredida por homens onde estava presa. A vítima sofreu múltiplas fraturas e lesões, especialmente no rosto, crânio e região lombar e morreu três dias depois. Imagens de segurança mostraram os detentos abaixando as câmeras antes do crime.