'O confronto é ruim para o Brasil', diz Doria sobre embates comerciais e extremismo na política
Em tom conciliador e até mesmo pacifista, o empresário e ex-governador de São Paulo, João Doria, rechaçou a polarização na política brasileira e também no âmbito das relações comerciais, em especial o ‘tarifaço’ imposto por Donald Trump ao Brasil. Doria repudiou a penalização do país, mas acredita que com diálogo entre os empresários do setor privado a situação possa ser amenizada. Ele cobra uma política de não enfrentamento e conflitos entre poderes.
“Foi uma medida absolutamente injusta do governo americano de Trump. Foi uma decisão política, não técnica. A balança comercial é muito favorável aos Estados Unidos, não haveria nenhuma justificativa técnica para a conduta. Transformar isso num patamar político e numa defesa política, há uma diferença grande. O Brasil deveria fazer a política da diplomacia. Esta, sim, seria a mais adequada, a mais recomendável, ainda que diante de uma medida injusta do governo americano em relação ao Brasil”, declarou durante sua vinda a Cuiabá na quinta-feira (28).
Com perfil tradicional de político do chamado "centrão”, Doria argumentou que insistir na diplomacia e no diálogo é a melhor saída e pode permitir a reversão da situação para setores punidos com tarifário de 50%. Ele ainda recomenda que o setor privado, por meio das suas associações de classe, confederações, federações, dialogue com os empresários americanos e cita como exemplo a situação da Embraer e dos produtores de laranja de São Paulo, que ficaram de fora da sanção comercial.
“Esse é o bom caminho para reduzir o efeito e, se possível, até eliminar o efeito do tarifário. Confronto não é o melhor caminho”, acrescentou.
Dória ainda comenta que a polarização política atrapalha o crescimento, em concordância com a fala do ex-presidente Michel Temer na tarde de quarta-feira, também no evento LIDE, a quem elogiou as ponderações.
“A economia que não se desenvolve, principalmente com medidas populistas que tentam contrapor as dificuldades políticas, aumentam a inflação, mantém a taxa de juros num patamar elevado e não contribui para o desenvolvimento do país e, ao mesmo tempo, quem paga o pior preço de uma crise como essa é a população mais humilde”, analisou.
Afastado da política e até então sem intenção de retornar ao meio, Doria condenou o que chamou de “extremismos” entre esquerda e direita no Brasil e avaliou que o conflito entre os poderes “não é contribuitivo” e cobrou autonomia de cada um dos 3 poderes.
“O confronto é ruim para o Brasil. Eu tenho dito desde o início do governo Lula que é preciso pacificar o Brasil. Não se pode governar olhando o retrovisor o tempo inteiro, olhando o passado e julgando o passado. Precisa olhar o futuro e trabalhar para o bem do país olhando o futuro. Você tem que saber perdoar, compreender as pessoas, os fatos, as circunstâncias. Isso não significa não aplicar a lei onde ela precisa ser aplicada, mas não precisa fazer isso com ódio e com a determinação de punir”, concluiu.









