'Não somos Colônia, vamos tratar os países olhando a nossa soberania', defende Rosa Neide
Diante das especulações ao longo das últimas duas semanas sobre o possível tarifaço de 50% anunciado pelo presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, aos produtos importados do Brasil, a diretora da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Rosa Neide (PT), criticou a postura do estadunidense e defendeu que o Brasil não pode ceder. A elevada taxa é prometida para entrar em vigor em 1º de agosto, caso não haja acordo entre os países.
Rosa afirmou que as ameaças retratam uma postura truculenta do presidente dos Estados Unidos, numa tentativa nítida de intervenção na política, ultrapassando os limites de uma boa convivência e prejudicando a diplomacia. No entanto, sinalizou que, se não houver conversas e fim da trégua, que o Brasil ressalta sua soberania em resposta às ameaças.
A diretora sinaliza que, independente de um eventual rompimento entre os países, o Brasil deve buscar outros mercados para seus produtos. Países estes onde o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), possui forte aceitação.
“Termos à frente da maior economia do mundo um cidadão que não respeita regras é muito preocupante. O Brasil vem se preparando. Desde que o presidente Lula assumiu, novos mercados foram abertos e boas relações internacionais estabelecidas. Não somos mais colônia. Precisamos e vamos tratar todos os países olhando primeiro a nossa soberania”, defendeu a diretora.
Ameaça de alta taxação
Como amplamente noticiado, em 9 de julho o presidente americano encaminhou uma carta ao presidente Lula anunciando a aplicação de tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos. Ele justificou a medida com argumentos políticos e comerciais.
Na justificativa da elevação da tarifa sobre o Brasil, Trump citou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e disse ser "uma vergonha internacional" o julgamento do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal (STF).
No documento, o republicano afirmou, sem provas, que sua decisão de aumentar a taxa sobre o país também foi tomada "devido aos ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e à violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos".
"[Isso ocorreu] como demonstrado recentemente pelo Supremo Tribunal Federal do Brasil, que emitiu centenas de ordens de censura SECRETAS e ILEGAIS a plataformas de mídia social dos EUA, ameaçando-as com multas de milhões de dólares e expulsão do mercado de mídia social brasileiro", escreveu o republicano.
Após o anúncio, o presidente Lula afirmou que o Brasil "não aceitará ser tutelado por ninguém" e que o aumento unilateral de tarifas sobre exportações brasileiras será respondido com base na Lei da Reciprocidade Econômica. O petista declarou ainda que o processo judicial contra os envolvidos na tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro é de competência exclusiva da Justiça brasileira. O governo brasileiro ainda não descartou em aplicar devolutivas reciprocas ao país.
Dias depois, o norte-americano voltou a tecer críticas ao petista e anunciou que o Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR na sigla em inglês) abra uma investigação contra o Brasil.
O maior centro de comércio popular no Brasil e na América Latina, a 25 de Março, no Centro de São Paulo, entrou na mira dos estrangeiros, por conta da venda de produtos falsificados e da falta de proteção dos direitos de propriedade intelectual.
De acordo com essa legislação, os EUA podem adotar medidas para tentar corrigir práticas comerciais desleais, como a aplicação de tarifas ou sanções contra o país alvo da investigação. Além disso, o documento cita que comércio digital e serviços de pagamento eletrônico como o Pix, tarifas aplicadas aos parceiros comerciais do país, aplicação de medidas anticorrupção, tarifas pela exportação de etanol e o suposto desmatamento ilegal serão intensamente investigadas e se constadas irregularidades haverá sanções a federação.









