Por Gazeta Digital
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3 de junho de 2025
Thiago Bitencourt Lanhes Barbosa, o Dr. Thiago (PL), vereador por Canarana (823 km de Cuiabá) preso no sábado (31), suspeito abuso infantil e de usar adolescentes para filmagens pornográficas, além da política, atuava como médico em uma Unidades de Saúde da Família (USF). Uma apuração constatou que Thiago era servidor efetivo da prefeitura, com salário de R$ 28 mil para atender pacientes da região. Até o momento, a Prefeitura de Canarana disse que acompanha a apuração policial e não divulgou nenhuma medida concreta a ser tomada em relação ao funcionário público. Conforme apurado pela reportagem, formando em 2009 em uma universidade particular, Thiago tem registro como clínico geral junto ao Conselho Regional de Medicina (CRM) e se tornou servidor da prefeitura no ano de 2014, por meio de concurso público. O portal da transparência mostrou o médico recebe R$ 28.911,95 mensais pelos serviços prestados, conciliando a atuação de vereador. O dado é referente ao mês de maio de 2025. Com 6 anos de atuação na saúde pública, candidatou-se a vereador pela primeira vez em 2020, pelo extinto Patriota, hoje PRD. Na ocasião, foi o vereador mais votado da cidade, com 834 votos, representando 8,04% do eleitorado local. O então candidato gastou cerca de R$ 2.303,65 durante a campanha, valor considerado baixo diante do permitido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que é de R$ 41.441,53. Na prestação de conta com a Justiça Eleitoral, Thiago informou que gastou R$ 1.950,00 pagando serviços terceirizados; R$ 200,00 com materiais publicitários; R$ 120,00 de combustíveis e R$ 33,65 com encargos financeiros. Um ano depois da eleição, Bitencourt tornou-se alvo do Ministério Público Estadual (MPE) por enriquecimento ilícito e dano ao erário em 2021. Conforme divulgado pelo MPE, o inquérito civil contra Thiago foi instaurado para apurar irregularidades no exercício da função como médico concursado no município. A denúncia foi feita pela Prefeitura Municipal com base na cópia da folha de ponto do servidor. Ele teria passado ao menos 5 meses sem registrar presença no posto de trabalho. “Saltou aos olhos que, em diversas datas, de janeiro a maio/2021, o investigado simplesmente não bateu o ponto na unidade de saúde em que labora, qual seja, o PSF Mutirão. A título de exemplo, nos meses de janeiro e fevereiro/2021, o médico bateu ponto em apenas duas datas, evitando qualquer tipo de controle eficaz de horário. Em outras ocasiões, o ponto eletrônico consignou atrasos e saídas antecipadas superiores a uma hora, além do descumprimento da jornada diária de oito horas”, explicou o MPE na época. Foi constatado que ele tinha várias faltas injustificadas, além de rotina de atrasos. Conforme apurado pelo MPMT por meio de provas testemunhais, “a negligência do servidor teve início há anos, porém, agora, com a eleição para o cargo de vereador, o descompromisso tomou grande proporção”. Já em 2024, lançou-se à reeleição, recebeu quase metade dos votos do pleito anterior, somando 509 votos, sendo o terceiro mais votado. Porém, o que chama a atenção é que o vereador gastou R$ 39.700,00, quase 70% do valor máximo estabelecido: R$ 53.823,52. Na declaração de gastos, Thiago informou que R$ 29.200,00 foi gasto com serviços prestados por terceiros, outros R$ 8.500,00 com gastos advocatícios e por fim, R$ 2.000,00 com locações de veículos. No último sábado (31), Thiago foi alvo de uma investigação da Polícia Civil, conduzida pela Delegacia de Canarana, suspeito de manter relacionamentos com meninas menores de idade e utilizar as vítimas para produção de material de pornografia infantil. Durante cumprimento de mandados de busca e apreensão na residência e consultório do investigado, foi apreendido vasto material relacionado à pedofilia. Além disso, na casa foram encontrados brinquedos, roupas infantil e acessórios sexuais, como pênis de borracha, algemas, vibradores e mordaças. As investigações apontam que ele estava se relacionando com uma adolescente que vinha sendo submetida a prática de escravidão sexual. Além disso, há fortes indícios de que o suspeito utilizava a menor como instrumento para abusar sexualmente de uma criança de apenas dois anos. Perderá cargo Thiago foi afastado de sua atividade como parlamentar por 30 dias, como determina o Regimento Interno, após isso, deverá perder o cargo. Quanto a carreira de servidor público, a Prefeitura de Canarana informou que colabora pelas investigações, sem adiantar se moveria um Processo Administrativo (PAD) contra Thiago. Leia a nota A Prefeitura de Canarana-MT informa que tomou conhecimento da prisão de um servidor público no dia 31/05. Desde o início, a administração municipal está colaborando integralmente com as autoridades competentes, colocando-se à disposição para todos os esclarecimentos necessários. A prefeitura reforça seu compromisso com a legalidade, a ética e a transparência na gestão pública, e acompanhará a apuração dos fatos com a devida seriedade e responsabilidade. A administração também se sensibiliza com qualquer tipo de sofrimento ou transtorno causado à população ou aos envolvidos, reafirmando que todas as medidas cabíveis serão adotadas, respeitando os princípios legais e os direitos individuais. Mais informações serão divulgadas conforme o avanço das investigações.