Pérsio Landim aponta fortalecimento das holdings familiares como pilar jurídico do agro moderno
O uso de holdings familiares no agronegócio tem crescido de forma acelerada, acompanhando a evolução das práticas de gestão e governança no campo.
Para o advogado Pérsio Landim, referência em agroadvocacia e planejamento patrimonial rural, a estrutura é hoje uma das ferramentas jurídicas mais eficientes para organizar bens, estruturar a sucessão e proteger o patrimônio das famílias produtoras.
Landim destaca que o agronegócio possui peculiaridades que tornam a holding especialmente estratégica.
“Diferente de outros setores, o patrimônio rural costuma ser composto por imóveis extensos, máquinas de alto valor, contratos complexos e operações que envolvem várias gerações. A holding permite organizar tudo isso de forma centralizada, garantindo segurança jurídica e continuidade da atividade”, explica.
O especialista ressalta que o instrumento tem sido fundamental também para reduzir conflitos sucessórios. Com regras previamente estabelecidas no contrato social e em protocolos familiares, a transição entre gerações torna-se mais clara, técnica e menos dependente de inventários longos e custosos.
“A sucessão dentro da holding ocorre de forma planejada. Isso evita paralisações no negócio rural e preserva o legado construído pela família ao longo dos anos”.
Outro ponto enfatizado pelo advogado é a proteção patrimonial, aspecto crítico no agro devido aos riscos inerentes à atividade. Questões climáticas, oscilações de mercado, responsabilidade ambiental e relações trabalhistas podem impactar o produtor rural.
“Ao separar o patrimônio pessoal dos sócios da atividade operacional, a holding cria uma barreira jurídica que reduz vulnerabilidades. É uma estrutura legal que protege e organiza”, pontua.
Landim observa, porém, que a escolha do modelo ideal — patrimonial, operacional ou misto — exige avaliação técnica aprofundada, especialmente no campo tributário.
“Não é um pacote pronto. É um projeto jurídico que deve ser desenhado conforme o tamanho da produção, o volume de bens, o perfil da família e os objetivos futuros”.
Ele reforça que a implementação de práticas de governança dentro da holding tem sido um diferencial. Políticas de gestão, regras de voto, diretrizes para ingresso de herdeiros e mecanismos de prevenção de conflitos fortalecem a estrutura e profissionalizam a condução do negócio.
“Famílias que adotam governança têm mais previsibilidade e conseguem projetar o crescimento de forma sustentável”.
“O produtor rural moderno entende que gestão e estruturação jurídica são tão importantes quanto produtividade. A holding familiar é hoje um dos alicerces da organização patrimonial no campo”.
A tendência reforça o movimento de profissionalização do agro, que passa a integrar ferramentas jurídicas sofisticadas na proteção, continuidade e expansão das atividades rurais.










