Advogado Pérsio Landim destaca importância da holding familiar na sucessão rural
A sucessão familiar nas propriedades rurais tem se tornado uma das maiores preocupações de produtores que desejam garantir a continuidade do negócio agrícola entre gerações. Para o advogado Pérsio Oliveira Landim, especialista em Direito Agrário, o planejamento sucessório no campo não pode ser deixado para depois — e a criação de uma holding familiar é uma das ferramentas mais eficazes para organizar esse processo de forma segura e eficiente.
“Não se trata apenas de transferir bens. A sucessão bem feita preserva o negócio, evita conflitos entre herdeiros e garante que o patrimônio não se fragmente ao longo do tempo”, afirma Landim. Ele explica que, ao constituir uma holding, o produtor rural transfere seus bens — como terras, equipamentos e participações — para uma empresa controlada pelos membros da própria família. Com isso, a gestão e a continuidade do negócio passam a seguir regras claras, estabelecidas previamente no contrato social.
Entre os principais benefícios da holding familiar, o advogado destaca a facilidade na partilha, a proteção patrimonial e a continuidade administrativa da propriedade rural, mesmo após o falecimento do titular. “Em vez de um inventário demorado e custoso, os herdeiros recebem cotas da empresa, o que reduz o risco de litígios e mantém o negócio funcionando normalmente”.
Além disso, Landim ressalta que a holding permite incluir cláusulas que blindam o patrimônio contra ameaças externas, como dívidas pessoais dos herdeiros ou disputas conjugais. “É possível garantir que os bens não sejam vendidos, penhorados ou divididos em caso de separação, por exemplo. Isso dá mais segurança a todo o núcleo familiar”.
Apesar das vantagens, ele alerta que a criação de uma holding exige cuidado técnico e planejamento detalhado. “Não é uma fórmula mágica. Uma estrutura mal feita pode gerar problemas no futuro”, adverte.
A tendência de uso da holding familiar vem crescendo especialmente em estados com forte presença do agronegócio, como Mato Grosso, Goiás e Paraná. Para Landim, a mudança de mentalidade entre os produtores tem sido essencial. “O campo está se profissionalizando. O produtor moderno entende que é preciso cuidar do futuro com a mesma atenção que dedica à lavoura.”
Segundo o advogado, quanto antes a sucessão for planejada, maiores são as chances de preservar o legado familiar. “Muitos produtores acham que é cedo para falar sobre isso, mas o melhor momento para planejar a sucessão é enquanto se está vivo, lúcido e com tempo para organizar tudo com calma e transparência”.










